“E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
Que todas as pessoas
São felizes...”
É isso que diz Renato Russo na canção também de sua autoria intitulada “Índios”. O crer, o acreditar é capaz de fazer com que se persista em diferentes situações, é capaz de fazer com que se tente “mais uma vez” e grite para uma multidão: “É batata” que isso vai dar certo.
Acreditar seja em quem for ou no que for, possibilita que se permaneça com uma postura e que ao mesmo tempo a abandone, talvez obrigatoriamente para se tentar “mais uma vez”. E assim se dar conta de que realmente “é batata”.
Durante a 16ª edição do Porto Alegre em Cena foi possível assistir os espetáculos “Ditos e Malditos – A Instalação” da Terpsí Teatro de Dança (RS) e “Batata” do Dimenti (BA). As duas obras apresentaram cenas, palavras, frases, estimularam sensações que levaram a pensar em permanências e certezas em crer ou não crer. Permanências que não significam uma estagnação e sim o permanecer em um ritual de tentativas, tentativas envoltas em crenças e que ao fundo devem ter como “mantra” a frase: “Mais uma vez” (frase utilizada pela Terpsi no espetáculo com base em uma das obras de Beckett).
Dessa forma, acreditando que mais uma tentativa, “mais uma vez”, possa permitir alcançar os desejos, as vontades, as solicitações... Acreditar que a cada dia deve-se recomeçar, tentar, permanecer, mesmo que seja permanecer tentando. E assim ter certeza e poder gritar que “é batata” (expressão utilizada pelo Dimenti no espetáculo “Batata” com base no universo de Nelson Rodrigues) que algo vai acontecer, que se vai conseguir algo...
Foi possível acreditar em tudo o que foi escrito anteriormente? Foi possível ter certeza de que as idéias lançadas anteriormente são grandes verdades? Se foi ou não, é o papel de cada um fazer suas escolhas para acreditar e iniciar “mais uma vez” cada dia tentando.
Na edição 06 do Informe C3 Revista Digital foi apresentada uma imagem intitulada “A abra”, com legenda que indicava como autores Janaína Vasconcelos e Diogo Bezzi. Junto com a imagem havia a seguinte pergunta: O que você acredita que isto significa?
Muitas poderiam ser as leituras sobre “a obra”, porém a pergunta apontava para o que cada um poderia acreditar que o conteúdo daquela imagem poderia significar. O significado de “a obra” pode ser construído por quem olha. “Mais uma vez” o que está em jogo é o que se acredita, quem sabe tentar despertar uma determinada “certeza” em cada um. E a partir disso poder pensar se essa certeza é tão necessária assim? Será que essa certeza que pode levar a uma permanência tão fundamental? Ficar tentando várias vezes a mesma coisa é sinal de força ou quem sabe pode levar a pensar em Transtorno Obsessivo Compulsivo? Como uma pessoa que antes de dormir vai 8, 10 ou quem sabe até 15 vezes até a porta principal de sua casa para ter certeza que ela foi trancada.
“Mais uma vez” se vai até a porta para conferir se está trancada ou não, pois se precisa desta certeza para ficar “tranqüilo”. Mas “é batata” que pelo menos 5 vezes se vá até a porta conferir... Talvez isso possa ser intitulado de o Ritual da Porta.
Porém, o que será que mais perturba, crer que não se tem certeza e nem lembrança de ter trancado a porta, ou crer que a qualquer momento algo inesperado pode acontecer por não ter ido verificar a tranca da porta? Será que o “ritual da porta” é uma hipótese impossível de se acreditar? Será que o que permanece é a falta de crença em algo que possa garantir a segurança dentro de casa?
“É batata” que algo muito desagradável pode acontecer se não for verificar se a porta está trancada. E “mais uma vez” o caminho que leva a porta é percorrido, o caminho que leva a crer que se vai chegar ao local onde está o motivo da perturbação. “Mais uma vez...”
Então é possível pensar que a vida é feita de crenças e descrenças, de rituais, de T.O.C, de permanências, de certezas, de inseguranças? Ou não se pode crer em tudo isso que foi citado. Crer nisso tudo seria crer em algo que não oferece certezas? São palavras soltas, jogadas, frases de um texto que não está embasado por nenhum autor. Então será que é possível acreditar? Quem leu até este momento leu porque acreditou em algo ou em alguém? Ou leu por ter como ritual ler algo todos os dias como quem lê o jornal todas as manhãs? Mas isso seria um ritual? Você acredita nisso?
“Mais uma vez “perguntas são lançadas e “é batata” que essas perguntas não serão respondidas neste texto. Quais os autores que você acredita que podem embasar ou contrapor essas idéias? Nem autores são citados neste texto... Será que não se acredita em nenhum, ou será que quem escreveu acredita muito em suas percepções? São certezas? Ou são incertezas aguardando respostas?
E assim permanecem muitas questões, firmes nas certezas que levam muitas vezes para incertezas que acabam com o estado de permanência mostrando infinitas possibilidades de tentativas de se crer, de se tentar, de se ritualizar algo, de se repetir, de abandonar e sempre no jogo do crer e do descrer.
Publicado na Edição 07 do Informe C3 - Corpo/Cultura/Artes/Moda
http://www.processoc3.com/
É isso que diz Renato Russo na canção também de sua autoria intitulada “Índios”. O crer, o acreditar é capaz de fazer com que se persista em diferentes situações, é capaz de fazer com que se tente “mais uma vez” e grite para uma multidão: “É batata” que isso vai dar certo.
Acreditar seja em quem for ou no que for, possibilita que se permaneça com uma postura e que ao mesmo tempo a abandone, talvez obrigatoriamente para se tentar “mais uma vez”. E assim se dar conta de que realmente “é batata”.
Durante a 16ª edição do Porto Alegre em Cena foi possível assistir os espetáculos “Ditos e Malditos – A Instalação” da Terpsí Teatro de Dança (RS) e “Batata” do Dimenti (BA). As duas obras apresentaram cenas, palavras, frases, estimularam sensações que levaram a pensar em permanências e certezas em crer ou não crer. Permanências que não significam uma estagnação e sim o permanecer em um ritual de tentativas, tentativas envoltas em crenças e que ao fundo devem ter como “mantra” a frase: “Mais uma vez” (frase utilizada pela Terpsi no espetáculo com base em uma das obras de Beckett).
Dessa forma, acreditando que mais uma tentativa, “mais uma vez”, possa permitir alcançar os desejos, as vontades, as solicitações... Acreditar que a cada dia deve-se recomeçar, tentar, permanecer, mesmo que seja permanecer tentando. E assim ter certeza e poder gritar que “é batata” (expressão utilizada pelo Dimenti no espetáculo “Batata” com base no universo de Nelson Rodrigues) que algo vai acontecer, que se vai conseguir algo...
Foi possível acreditar em tudo o que foi escrito anteriormente? Foi possível ter certeza de que as idéias lançadas anteriormente são grandes verdades? Se foi ou não, é o papel de cada um fazer suas escolhas para acreditar e iniciar “mais uma vez” cada dia tentando.
Na edição 06 do Informe C3 Revista Digital foi apresentada uma imagem intitulada “A abra”, com legenda que indicava como autores Janaína Vasconcelos e Diogo Bezzi. Junto com a imagem havia a seguinte pergunta: O que você acredita que isto significa?
Muitas poderiam ser as leituras sobre “a obra”, porém a pergunta apontava para o que cada um poderia acreditar que o conteúdo daquela imagem poderia significar. O significado de “a obra” pode ser construído por quem olha. “Mais uma vez” o que está em jogo é o que se acredita, quem sabe tentar despertar uma determinada “certeza” em cada um. E a partir disso poder pensar se essa certeza é tão necessária assim? Será que essa certeza que pode levar a uma permanência tão fundamental? Ficar tentando várias vezes a mesma coisa é sinal de força ou quem sabe pode levar a pensar em Transtorno Obsessivo Compulsivo? Como uma pessoa que antes de dormir vai 8, 10 ou quem sabe até 15 vezes até a porta principal de sua casa para ter certeza que ela foi trancada.
“Mais uma vez” se vai até a porta para conferir se está trancada ou não, pois se precisa desta certeza para ficar “tranqüilo”. Mas “é batata” que pelo menos 5 vezes se vá até a porta conferir... Talvez isso possa ser intitulado de o Ritual da Porta.
Porém, o que será que mais perturba, crer que não se tem certeza e nem lembrança de ter trancado a porta, ou crer que a qualquer momento algo inesperado pode acontecer por não ter ido verificar a tranca da porta? Será que o “ritual da porta” é uma hipótese impossível de se acreditar? Será que o que permanece é a falta de crença em algo que possa garantir a segurança dentro de casa?
“É batata” que algo muito desagradável pode acontecer se não for verificar se a porta está trancada. E “mais uma vez” o caminho que leva a porta é percorrido, o caminho que leva a crer que se vai chegar ao local onde está o motivo da perturbação. “Mais uma vez...”
Então é possível pensar que a vida é feita de crenças e descrenças, de rituais, de T.O.C, de permanências, de certezas, de inseguranças? Ou não se pode crer em tudo isso que foi citado. Crer nisso tudo seria crer em algo que não oferece certezas? São palavras soltas, jogadas, frases de um texto que não está embasado por nenhum autor. Então será que é possível acreditar? Quem leu até este momento leu porque acreditou em algo ou em alguém? Ou leu por ter como ritual ler algo todos os dias como quem lê o jornal todas as manhãs? Mas isso seria um ritual? Você acredita nisso?
“Mais uma vez “perguntas são lançadas e “é batata” que essas perguntas não serão respondidas neste texto. Quais os autores que você acredita que podem embasar ou contrapor essas idéias? Nem autores são citados neste texto... Será que não se acredita em nenhum, ou será que quem escreveu acredita muito em suas percepções? São certezas? Ou são incertezas aguardando respostas?
E assim permanecem muitas questões, firmes nas certezas que levam muitas vezes para incertezas que acabam com o estado de permanência mostrando infinitas possibilidades de tentativas de se crer, de se tentar, de se ritualizar algo, de se repetir, de abandonar e sempre no jogo do crer e do descrer.
Publicado na Edição 07 do Informe C3 - Corpo/Cultura/Artes/Moda
http://www.processoc3.com/
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